Mineração de dados para as Humanidades Digitais
A aquisição de habilidades computacionais na prática de pesquisa nos diferentes campos das humanidades constitui um dos pilares do que vem sendo denominado de Humanidades Digitais. Atualmente estão disponíveis uma infinidade ferramentas digitais que auxiliam na extração e montagem de banco de dados, na análise e interpretação desse material e, por fim, na organização e divulgação dos resultados. O LABHDUFBA desenvolve algoritmos de extração de dados na web e redes sociais digitais. Além disso, nós temos como propósito oferecer uma reflexão crítica sobre como essas ferramentas digitais podem vir a representar novas formas de estruturação da imaginação e das investigações nos diferentes campos das humanidades exigindo avaliarmos “até onde é possível pensar” dentro das lógicas de que estruturam estes algoritmos.
História digital
As pesquisas no campo da História Digital têm se desenvolvido em parceria direta entre o LABHDUFBA com o curso de licenciatura em História da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira, campus dos Malês. Buscamos desenvolver pesquisas empíricas e problematizações teóricas a partir de conjuntos documentais digitalizados e arquivados em repositórios on-line. Pretende-se produzir reflexões metodológicas através da utilização de ferramentas digitais que possibilitem novas abordagens historiográficas e a construções de novos problemas históricos, para pesquisa, ensino e escrita. Tais reflexões pretendem dialogar diretamente com os debates sobre raça, racismo e direitos nas Américas. Atualmente, trabalhamos em conjunto na avaliação, criação e aprimoramento de ferramentas de pesquisa para a pesquisa histórica, especialmente scripts em R e Python para raspagem de dados da internet (**webscraping).
Implicações éticas, sociais e políticas da Tecnociência Digital
A compreensão sobre as implicações éticas, sociais e políticas das novas práticas digitais tem se mostrado uma urgente missão das ciências sociais na contemporaneidade. A partir da articulação entre referenciais conceituais e metodológicos das Humanidades Digitais e dos Estudos sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (ECTS), nossa equipe busca produzir reflexões que contribuam para a compreensão sobre a coprodução entre Tecnociência Digital e as transformações sociais, politicas e culturais no Brasil. A Tecnociência Digital, segundo a nossa concepção, se refere não apenas às práticas e conhecimentos incrustrados nas complexas redes de hardwares, softwares e seres humanos envolvidos com a produção de conhecimento sobre a computação e tecnologia digital, mas do emaranhamento destas redes com as diversas dimensões da vida social. Por meio de etnografias digitais e da utilização de métodos mistos de análise quantitativa e qualitativa de dados raspados da web, o LABHDUFBA realiza estudos de caso que subsidiam reflexões sobre a coprodução entre a ordem digital e a vida social, assim como sobre as oportunidades e riscos envolvidos com inovações em plataformas digitais. Atualmente, as pesquisas têm se voltado para dimensões como: pós-verdade e populismo digital, militância digital e democracia, regulação e data accountability.
A economia das trocas afetivas: mercado, sociabilidades e mídias digitais
O domínio das relações afetivas em torno da constituição de um campo social simbólico, em conjunto com a análise dos recentes deslocamentos em relação às estruturas e práticas, promovidos pelo advento das novas mídias digitais, em particular na migração dos antigos sites para os contemporâneos aplicativos de relacionamento. Enquanto linhas traçadas sobre o desenvolvimento e a promoção dessas novas dinâmicas afetivo-sexuais, a investigação empírica parte da concepção de consumo estabelecido através da mediação tecnológica, assim como a consequente transformação dos usuários em mercadorias disponíveis no interior desse mercado afetivo, sobretudo por meio dos serviços on-line. A emergência do debate sociológico proposto gira em torno da incessante produção de dados digitais pelos usuários e pelas empresas desenvolvedoras, através da articulação entre os atores sociais em rede com esses dispositivos, na qualidade de novos espaços relacionais, assim como na intersecção entre as diversas alterações no âmbito da afetividade e das relações de gênero e sexualidade.
Corporeidade, saúde e redes sociais digitais
As diversas pesquisas empreendidas por nossa equipe no LABHDUFBA têm em comum a importância dada às redes sociais digitais enquanto campo de pesquisa sobre temas que envolvem corporeidade e saúde. Neste sentido, as ferramentas de mineração de dados tanto de redes sociais digitais, quanto de páginas web que contenham documentos que interessem às pesquisas construídas por nossa equipe, mostram-se importantes meios para coleta de material para formação de bancos de dados cujo conteúdo é tratado a partir do uso de Software de Análise de Dados Qualitativos Auxiliado por Computador – CAQDAS. Atualmente, duas pesquisas estão em andamento. Uma destas pesquisas propõe-se a analisar os agenciamentos materiais entre diferentes tecnologias que incidem sob o corpo das mulheres autodeclaradas gordas: desde o consultório médico até os discursos, símbolos e argumentos destas mulheres nas redes sociais e suas interações nos ambientes digitais, partindo do pressuposto de que o objetivo delas é de subverter, contrapor e desafiar as visões/normas de parte do saber médico – mais especificamente dos nutricionistas e educadores físicos – assim como também compreender como ser gorda incide sobre as questões relativas ao gênero, raça, idade e lugar. A outra pesquisa busca compreender a correlação de fatores que – na especificidade do contexto cultural brasileiro contemporâneo relativo aos cuidados com a saúde e aos padrões normativos de corpo – contribuem de maneira relevante para a tomada de decisão dos sujeitos no que se refere a submeterem-se ou não à cirurgia bariátrica e/ou de posicionarem-se dentro do debate em torno da afirmação positiva dos corpos gordos e dos direitos das pessoas gordas.
A pandemia de COVID-19, desinformação e controvérias públicas
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Trabalho digital no século XXI: o caso Uber no Brasil
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